segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Alagoês I Errata. Texto na íntegra.


E apois! (Minúsculo ensaio sobre o alagoês)

Sou alagoano e não me engano:
do jeitxo que digo e falo.
Ririam do que m'ufano,
mermo assim eu não me calo.

Nossa prosódia, bem nosso feitxo;
nosso falar bem arraXtado:
“Espia mermo s'isso tem jeitxo”...
Esse sotaque bem africado.

Noutras paragens no ti e no di chiam,
Mas aqui chiam após ditongo:
“eito” fica entre nós eitxo,
por isto dizemos peitxo,
E “eido” fica entre nós eidjo,
Seu exemplo é oblongo
É o flato no vulgar, diriam,
se na frente houver um P.

É que o homem se for afoitxo,
labutador e formidável,
trabalha antes dos dezoitxo.
É desde cedo responsável.

É arretada a nossa flora!
É muitxo lindo o nosso mar...
Só me arreto se for embora
a esperança deXte lugar.

Um dia a EXtrela  haverá de ser...
Radiosa a sua altura;
ser de Alagoas é não temer,
nem mesmo dias d'amargura.

Eitxa povo amiXtoso!
Hospitaleiro e mui leal.
E de espírito ditoso,
e de talento nada igual.

E quem nasce nas Alagoas?
Suspira sonhos, faX toadas...
Taeiras, guerreiros...
paXtoris,  cavalhadas...
Canta poesia, sofeja loas!

E se mangarem da minha fala,
eu vou dar uma de doidjo,
‘tou nem aí, isso é mala!

E p'ra lembrar da infância suave e cheia de bois:
"Boca de forno. Forno!
De cara Xis. Xis!  Fizesse o qu'eu fiz?"
“E apois!”

Em homenagem ao meu Tio Ronald Teixeira Cavalcante, um poeta nato da Viçosa das Alagoas. São Paulo (SP), 23 de setembro de 2010.

Alagoês I

E apois! (Minúsculo ensaio sobre o alagoês)

Sou alagoano e não me engano:
do jeitxo que digo e falo.
Ririam do que m'ufano,
mermo assim eu não me calo.

Nossa prosódia, bem nosso feitxo;
nosso falar bem arraXtado:
“Espia mermo s'isso tem jeitxo”...
Esse sotaque bem africado.

Noutras paragens no ti e no di chiam,
Mas aqui chiam após ditongo:
“eito” fica entre nós eitxo,
por isto dizemos peitxo,
E “eido” fica entre nós eidjo,
Seu exemplo é oblongo
É o flato no vulgar, diriam,
se na frente houver um P.

É que o homem se for afoitxo,
labutador e formidável,
trabalha antes dos dezoitxo.
É desde cedo responsável.

É arretada a nossa flora!
É muitxo lindo o nosso mar...
Só me arreto se for embora
a esperança deXte lugar.

Um dia a EXtrela  haverá de ser...
Radiosa a sua altura;
ser de Alagoas é não temer,
nem mesmo dias d'amargura.

Eitxa povo amiXtoso!
Hospitaleiro e mui leal.
E de espírito ditoso,
e de talento nada igual.

E quem nasce nas Alagoas?
Suspira sonhos, faX toadas...
Taeiras, guerreiros...
paXtoris,  cavalhadas...
Canta poesia, sofeja loas!

E se mangarem da minha fala,
eu vou dar uma de doidjo,
‘tou nem aí, isso é mala!

E p'ra lembrar da infância suave e cheia de bois:
"Boca de forno. Forno!
De cara Xis. Xis!  Fizesse o qu'eu fiz?"
“E apois!”

Em homenagem ao meu Tio Ronald Teixeira Cavalcante, um poeta nato da Viçosa das Alagoas. São Paulo (SP), 23 de setembro de 2010.

De Príncipe a Sapo


Era uma vez...

As Estorinhas da Carochinha são permeadas de contos principescos. Uma bela e doce donzela em busca de seu príncipe encantado... 

-- Aaah!

Aqui o caminho é inverso. Um príncipe cansado da vida nababesca, de tudo lindo, tudo harmonioso, tudo perfeito, ponderou que, dessarte, tudo lá era tédio! A sua promessa de amor sem fim a mui bela princesa se desfez, quando desejoso da vida anura boêmia e pantaneira, que outrora vivera, reclamou à fada madrinha para que pudesse ser um simples sapo que, antes de ser beijado por tão nobres lábios da donzela singela, era feliz e não sabia. 

Sem esperar a retroação que no mundo da fantasia é possível, deteve-se nos braços da primeira cortesã que se lhe esbarrou e zás! 

Assediou-lhe com um voluptuoso beijo e transmutou-se no...

Mui franco Bafo sapiens!

Feio, horrendo, medonho, mas prosaicamente FELIZ e sincero!

Sua língua afiada e ferina, diz o que quer e o que pensa...
E só depois imagina, se lhe convinha ou não. Mas aí já é tarde. 

Palavra solta ao vento que se proferiu se dispensa.

Abaixo a pieguice da Estorinha do Patinho Feio que nem era tão feio assim, apenas diferente. 

 Este não é blogue para fedelhos assustadinhos. É para adultos mesmo, com encantos e desencantos, às vezes sóbrios, outras vezes ébrios, mas inconformados sempre...
  
~~~~.oÖo.~~~~
Olá, eu sou o Bafo sapiens, o sapo pensante, mas pode me tratar de Bs, pois fica mais íntimo. Quero interagir convosco. 

Com amor e humor, fiz este espaço pensando em vós, sapofãs, razão de minha prosopopeia desvairada.

Bem-vindos!                                                  
Beijos gelados! Coaxe-coaxe!

Presentatio

Ego sum...


Roberto é minha graça
Nascido do Nascimento
Sou Cavalcante(i), sou raça
De gente com argumento

Tenório eu sou de sangue
Resgatado após casado
Portanto qu'eu não me zangue,
Nem fique contrariado.

Senão a valentia emerge
Dos ancestrais varonis,
Se digo branco é branco, se digo bege é bege;
Mas Deus me contém, sou sereno, pois ser valente eu não quis.

Que meu viver seja útil
Que sempre persevere, nunca olvide do tom
Antes morto do que fútil
Mas valente só no ideário em construir algo bom

Albuquerque sou de Vozé*
Teixeira sou de Vobasto**
De Vozé Maia Rebello até
Dela'inda Padilha e Torres, patronímico muito vasto...
De vô, por Vodondom***, Cerqueira;
Ainda que tanto perdera
A singular nobreza avoinga,
Embora sem eira e nem beira...
Tradição tenho muita e minha semente 'inda vinga.

Von Lintz, alemão, que hoje se diz (de) Lins;
Hollanda que traduz uma origem nerlandesa
De pai e mãe, dessarte, origens afins
Da invasão de outrora... beleza!

Mas vez que mesclado foi meu passado de portugueses, espanhóis, italianos, holandeses;
De alemães pioneiros na Terra de Santa Cruz;
De ameríndios e africaneses,
A quantos genes me expus?

E por isto sou ousado:
Para assinar este blogue e ficar bem elegante,
Buscando o que de direito,
Doravante: Roberto van der Royen Cavalcanti,
Não adianta, não tomo jeito!

S. Paulo, 23 de setembro de 2010 (da casa de Tia Cris, 9h50, que primavera fria! brr...).
N.A.: * Corruptela para Vovó Maria José;
**Corruptela para Vovô Basto Teixeira (Sebastião Teixeira Cavalcante);
***Corruptela para a Bisa Elísia Cerqueira, Donzinha ou como diziam seus netos vovó Dondom.